top of page
Foto do escritorRedação GoHuman

Quebrando o silêncio: o papel das empresas no debate sobre transtornos mentais

Entenda o que são transtornos mentais, conheça fatores que podem desencadeá-los e saiba qual é o papel das empresas nos debates sobre o assunto


Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) em 2020 revela que a prevalência de transtornos mentais no Brasil está acima de 20%. Isso significa que mais de um quinto da população brasileira pode ter que lidar com transtornos mentais durante a vida.


Porém, apesar da relevância desse indicador, esse assunto ainda é pouco debatido dentro das organizações – que, inclusive, muitas vezes são incubadoras de transtornos mentais.


Acabar com o tabu e colocar a saúde mental em pauta dentro das empresas é essencial para contribuir para reverter esse panorama. E ajudar a tornar isso possível é o objetivo do terceiro episódio do podcast HumanaMente, projeto desenvolvido por Alessandra Cavalcante e Rachel Goldgrob, sócias da GoHuman, em parceria com a também psicóloga Mariana Clark.


A seguir, confira os destaques do programa e saiba como ouvi-lo na íntegra.


Leia também:


O que são transtornos mentais?

Rachel Goldgrob, cofundadora da GoHuman, explica que transtornos mentais são estados psicológicos que persistem e que podem ter uma intensidade significativa, envolvendo alterações no comportamento, nas emoções, no pensamento e na cognição. “Basicamente, um transtorno mental é algo que impede a pessoa de ser funcional ou ter sua rotina normal, limita de alguma forma o dia a dia e afeta o bem-estar no nível mais profundo”, detalha.


O que leva alguém a desenvolver um transtorno mental?

Mariana Clark, parceira da GoHuman no podcast HumanaMente e na formação em saúde mental de mesmo nome, admite que a resposta não é tão simples. “O indivíduo não dorme em sã consciência, bem, e acorda no dia seguinte com diagnóstico de transtorno mental. Isso não existe. Transtornos mentais são multifatoriais, e o adoecimento é um processo”, aponta a psicóloga.


Segundo Mariana, entre as questões pessoais e coletivas que contribuem para o desenvolvimento de transtornos mentais, é possível destacar:


1) Predisposição genética


A especialista conta que pessoas cujos pais tiveram diagnóstico de algum transtorno mental têm entre 40 e 45% mais chances de também terem. Ou seja, a predisposição genética é um fator importante a se considerar.


2) Ambiente


Problemas estruturais de uma sociedade – como, no caso do Brasil, os índices elevados de violência, desemprego e desigualdade – são fatores do ambiente que contribuem para o crescimento na taxa de diagnósticos de ansiedade, por exemplo.


3) Uso de substâncias químicas


O uso contínuo de substâncias químicas durante um longo período causa inflamações no organismo que podem levar a um desequilíbrio responsável por um transtorno de ansiedade ou uma depressão.


4) Redes sociais


No que diz respeito às redes sociais como fatores relevantes nessa conta, Mari destaca dois aspectos importantes: as comparações que fazemos entre a nossa vida e as das outras pessoas, e o que deixamos de fazer enquanto estamos de olho no feed. “A rede social de alguma forma sequestra a gente de momentos de pausa, de momentos em que poderíamos estar nos alimentando de fontes mais nutritivas, e a gente escolhe estar ali, sendo refém de um conteúdo que muitas vezes não é saudável”, alerta.


5) Experiências pessoais


Por fim, entram na conta as histórias vividas por cada pessoa e que também podem ser fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos mentais. Ou seja, eventos como traumas de infância, episódios de assédio no trabalho, e assim por diante.


Mari fecha essa avaliação dizendo que existem estudos que indicam que a depressão, por exemplo, tem 10% de suas causas associadas a questões genéticas e 90% ao ambiente.


Na visão da especialista, esses dados podem ser vistos como positivos. Afinal, significa que é possível reverter esses quadros. “Quando a gente pensa, por exemplo, em um ambiente profissional mais propício para o desenvolvimento de transtornos mentais, o que precisamos fazer é cuidar desse ambiente para ajudar as pessoas a não entrarem em processo de adoecimento ou, se já estiverem adoecidas, a encontrarem formas de se afastar e se curar”, aponta.


O papel das empresas no debate sobre transtornos mentais

Quebrando o silêncio: o papel das empresas no debate sobre transtornos mentais

Ampliando a análise sobre o ambiente como um fator desencadeador de transtornos mentais, entramos especificamente na conversa sobre o papel das empresas nesse debate. Afinal, como citado anteriormente, muitos ambientes corporativos são tóxicos e contribuem para o adoecimento mental e físico de seus colaboradores.


Rachel destaca que existem dois caminhos para uma empresa aprimorar a forma como lida com colaboradores enfrentando transtornos mentais:


“Primeiro, a empresa pode realmente lutar contra o estigma em torno dos transtornos mentais de uma forma ativa, trazendo esse tema para a pauta como uma coisa natural, humanizando as suas relações, suas lideranças e falando sobre o assunto incluindo as pessoas que passam por alguma questão, alguma dificuldade nesse sentido.


Além disso, é possível trabalhar de uma maneira muito mais preventiva, atuando antes que os sintomas apareçam e de forma integrada, com ações que envolvam lideranças e colaboradores”.


Esse processo começa com a conscientização da liderança sobre a importância de fazer com que o assunto passe a permear a cultura e o posicionamento da empresa.

O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 3, da Agenda 2030, por exemplo, fala de saúde e bem-estar, e mostra como esse é um tema transversal. Não é algo do tipo ‘ah, para a reputação da empresa é legal se preocupar com a saúde mental da equipe’, a gente está falando de uma estratégia que permeia toda a organização.


Então, criar um ambiente mais humanizado, saudável, em que se tem respeito e práticas que contribuem para a saúde mental dos colaboradores, não é mais só da agenda de RH, é da agenda do negócio”, analisa Alessandra Cavalcante.


Ao fim do debate, a cofundadora da GoHuman lembra: “enquanto a gente separar temas estratégicos de saúde mental, a gente não vai avançar nessa agenda”.


Leia também:


Quer saber mais sobre causas e sintomas de transtornos mentais e os caminhos para abordar esse tema na sua empresa?


O podcast HumanaMente é um especial de cinco episódios. Acompanhe a GoHuman no LinkedIn e no Instagram para não perder nenhum dos debates sobre os principais temas relacionados à saúde mental no ambiente de trabalho.

Comentarios


bottom of page